terça-feira, 28 de setembro de 2010

as muito feias que me perdoem...




            “As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”. Esta frase não é parte do ideário machista de uma sociedade reacionária e preconceituosa. Na verdade, ela é o prelúdio do poema “Receita de mulher”, do aclamado poeta Vinicius de Moraes. Com sua poética e sensibilidade indiscutíveis, Vinícius de Moraes nos dá uma receita saborosa do seu ideal de uma bela mulher, sem permitir meio-termo. Tudo deve ser belo e inesperado: seu rosto, seu olhar, sua boca, seu corpo (“Uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes”). É preciso que a mulher “Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável”.
            O poeta não está exagerando; beleza é realmente fundamental. Mas de um modo geral, não é somente a beleza feminina que deve ser apreciada e cultivada, mas a beleza em todas as pessoas e em todas as coisas. Por mais preconceituoso que isso possa parecer, é cada vez mais verdade na nossa sociedade. É claro, existem aquelas pessoas que destoam completamente dos padrões modernos de beleza, e estas com certeza sofrem as conseqüências. Mas será que é correto esse pensamento?
            Deixando de lado o discurso hipócrita e demagógico que cunhou a frase “o que importa é a beleza interior”, e insiste em afirmar que beleza é uma questão cultural, vamos enumerar dez razões para crer que o poeta estava absolutamente certo, que a beleza visível a olhos nus é fundamental. E não somente a beleza humana, mas tudo que gira em torno de nós. Que o leitor faça a sua crítica e decida seu próprio ponto de vista sobre o que é certo e o que é errado, se é que eles existem.

1) Ninguém quer ser feio. Feiúra é uma questão de natureza, já vem embutida no nosso DNA. Quem já ouviu falar de um casal que decidiu escolher o DNA do futuro filho (cor dos olhos, dos cabelos, etc.) e optou por uma criança feia?

2) Ninguém freqüenta “salão de feiúra” ou usa cremes para o “enfeiuramento”. O milionário comércio de cosméticos é a prova viva de que todos concordam que “beleza é fundamental”.

3) Ninguém está disposto a pagar uma operação plástica caríssima para ficar feio ou alargar o estômago para ficar com suas formas ainda mais arredondadas. Que mulher deseja cobrir-se de varizes e celulites? Que mulher usa um xampu para deixar seus cabelos desgrenhados?

4) Ao ir ao shopping, ninguém compra a roupa mais feia, o sapato mais feio, o brinquedo mais feio. Ninguém quer morar na casa mais feia da rua mais feia e ter o carro mais feio na garagem. Quem já contratou um arquiteto, um decorador ou um paisagista para transformar um ambiente em algo feios aos olhos?

5) Ninguém desarruma a casa e a deixa feia para receber uma visita, principalmente se a visita for bonita.

6) Ninguém quer ficar feio na foto ou na fita. Muito pelo contrário, as pessoas que se consideram feias fazem de tudo para não aparecer em canto algum. Felizmente inventaram o Photoshop!

7) Ninguém quer ir vestido com uma roupa feia ou uma maquiagem ridícula a uma festa, um casamento, uma formatura, um baile. E, é claro, ninguém promove um evento desses com tudo de mais feio que há disponível no mercado.

8) A maioria maciça dos atores e atrizes de TV e cinema são bonitos. Os feios aparecem somente para ser ridicularizados em quadros de humor (“Me possua!”). Quem já foi tiete de Tião Macalé? Quem já teve pendurado na parede do quarto um pôster de Araci de Almeida? Que mulher razoavelmente feia (de corpo) já posou para a Playboy sem passar pelo crivo do Photoshop?

9) Não há como negar que todos querem ter o sorriso bonito como os dos comerciais. Todos valorizam e querem o que é belo, que traz prazer aos olhos, à mente e ao coração. As empresas valorizam a boa aparência, a beleza física que causa prazer aos olhos dos clientes. A beleza é trocada, vendida, comercializada. Ela move o dinheiro do mundo. Uma linda mulher pode ter o homem mais poderoso em suas mãos.

10) Somente os feios dizem “o que importa é a beleza interior”. Os lindos e lindas que dizem isso jamais abririam mão de sua beleza física! Quem doaria sua beleza a um feio discriminado e coitadinho para fazer caridade?

            É por essas e outras que expresso a minha opinião, fazendo eco à voz do poeta: beleza é fundamental. Eu, como sou desprovido dela, posso apenas escrever este artigo. Espero que tenha saído bonito. Não quero aparecer feio no Blog!

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

guerreiros do amor

uma homenagem à minha amiga Nathália



Existem pessoas que jamais esquecemos
Pessoas especiais que nos cativaram
Que foram importantes em vários momentos
Que marcas felizes em nossa vida deixaram.

Existem pessoas capazes de fazer
Com que no sintamos especiais
Que abrem mão da própria felicidade
E só estão bem quando estamos em paz.

Essas pessoas são abençoadas por Deus
Porque em seu coração o amor faz morada
Se estamos sozinhos se tornam companheiras
E enxugam cada lágrima que for derramada.

Não há barreiras que impeçam seu agir
E nem tempestade que as faça parar
Se preciso for a própria vida doarão
Nos colocando sempre em primeiro lugar.

Que pessoas são essas capazes de tanto
Seres tão raros neste mundo cruel?
Não são anjos nem heróis da mitologia
De AMIGOS chamamos essas bênçãos do céu.

Amigos verdadeiros, por Deus iluminados
Transformados em soldados contra toda dor
Amigos que jamais nos deixam de lado
Guerreiros cuja arma se chama AMOR.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

poema nojento de desamor



Não vou ficar lambendo as feridas
De um tempo que já morreu
Mas vomitarei todas as palavras
Que meu coração pôde dizer
Palavras que poluem minha mente
Fétidas como o esgoto
Em seu tempo foram tão perfeitas
Mas hoje me deixam roto.

O veneno do teu amor fingido
Corroeu o meu coração
Mas as feridas já cicatrizaram
E os vermes que me consumiam
E se alimentavam da minha dor
Jamais se fartarão novamente
Porque não sou mais um cadáver
E não estou mais putrescente.

Os esqueletos tirei do armário
E as traças que me mitigavam
Hoje já não me assolam mais
Os meus nós já foram todos desatados
E a mordaça que me calava
Já não pode me impedir de gritar
De dizer a plenos pulmões:
Estou vivo, estou feliz
Estou pronto para de novo amar.

O que você é, então, para mim?
Um fantasma que não me assombra mais
Um pedra enorme que usei
Para construir mais um degrau
E poder subir um pouco mais
Longe do lamaçal da tua existência
E mais perto da felicidade
Distante da tua prisão cruel
E liberto da tua falsidade.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

ainda não vi a luz do sol




Não, é melhor deixar para lá
Deixe para outro mês ou para outro ano
Pois se você não tem condições
Se você nunca sonhou em ter
Não gere uma vida que em suas mãos
Poderá muito cedo morrer.

Se de uma criança vem outra criança
Duas vidas frágeis caminham no mundo
E uma delas poderá findar abandonada
Na porta de uma casa
Ou dentro de uma lata de lixo
Poucos minutos depois de nascer.

Não brinque com a vida
Mesmo que ela pareça ter brincado com você
Não poderá haver arrependimento depois.
Pense uma vez, pense duas, pense três
Mas se Deus lhe trouxer uma semente
Regue-a com carinho, cuide dela com amor.

Não me mate, por favor
Eu nunca fiz mal a ninguém
Porque ainda não nasci
E nem sei como é ser alguém.
Não precisa me puxar a ferro
Não precisa me cortar em pedaços
Deixe-me olhar para você
E chorar preso nos seus braços.
Sou apenas um inocente
Não tenho culpa do que houve com você
Mas já que estou aqui, me aceite
Olhe nos meus olhos, não quero morrer.
Ainda não vi a luz do sol
E nem brinquei na sua cama
Não passeei de carrinho na rua
Nem deitei com você na grama.
Se sem pai fui destinado a nascer
Sem uma mãe não quero morrer
Não quero virar cosmético... Não!
Eu só quero viver para amar você.

sábado, 11 de setembro de 2010

eu te amo

Eu te amo quando estou sozinho
Sei que no meu caminho anda a solidão
Eu te quero quando cai a chuva
Quando caem lágrimas do meu coração.


Eu te amo quando chega a noite
E eu sinto frio vendo o sol se pôr
Eu te quero em todas as horas
Em todos os momentos que eu sinto dor.


Eu te espero sempre que eu choro
Quando eu imploro um consolo teu
Eu queria ter você agora
Eu te amo tanto que nem sou mais eu.


Eu te procuro toda vez que sinto
Esta falta imensa que você me faz
Eu te chamo em todas as casas
Em todos os cantos não te vejo mais.


Eu te amo quando me odeio
Por ter dito adeus para não voltar
Eu te quero porque sei que ainda
Poderei um dia tentar te encontrar.


Eu te amo por tudo que fomos
E por tudo aquilo que você representou
Eu te amo porque sei que um dia
Sem querer, talvez, você me amou.

O AMOR É FOGO

Um dos mais belos poemas de amor de todos os tempos foi escrito pelo poeta português Luis de Camões e inicia dizendo: O amor é fogo que arde sem se ver. Se o amor é fogo, isto nos leva a pensar: Que tipo de fogo é o amor? Embora o fogo seja sempre fogo em qualquer lugar do universo, ele não serve sempre aos mesmos propósitos. O fogo se manifesta de várias formas, por vários motivos e traz várias e diferentes conseqüências. Se o amor é fogo, eu quero saber que tipo de fogo é o amor.

Creio que para comparar o amor com o fogo é preciso compreender os vários propósitos à que o fogo serve. Em primeiro lugar, o mais óbvio de tudo, o fogo queima. Se o amor é fogo, ele é capaz de queimar. E quem já não se queimou nas chamas ardentes do amor? Quando nos apaixonamos, sentimos o amor arder dentro de nós, nos queimando por dentro. Talvez seja por esse motivo que o nosso coração dói de saudade da pessoa amada, de emoção cada vez que a encontramos, de alegria pelos seus beijos doces, de euforia pela sua simples existência. O amor queima e nos faz entender que estamos vivos, que estamos prontos a nos entregar de corpo e alma ao ser amado. E como fogo que queima, o amor deixar marcas, às vezes cicatrizes.

E como fogo, o amor aquece. Nas noites mais frias do inverno da nossa alma, o amor é como uma chama viva a arder na nossa vida, aquecendo o nosso sentir e o nosso pensar. Nas madrugadas da nossas existência, o amor nos mantém aquecidos para que não morramos de frio, nos aconchega em seus braços, nos cobre com as suas plumas. Maravilhoso é sentir a alma aquecida, saber que lá fora pode estar nevando, mas dentro de nós o amor nos mantém aquecidos, a nossa temperatura alta. Aqueles que não amam são frios, os seus corações parecem um bloco de gelo oco, são incapazes de atos solidários, de se entregar a alguém, se sentir carinho, de perdoar. Quem não é aquecido pela chama do amor, provavelmente é congelado pelas geleiras do egoísmo, da inveja, da solidão.

Outra função do fogo é iluminar. Em tempos idos o fogo era usado para manter as ruas e as casas sempre iluminadas. Hoje temos lâmpadas elétricas e não precisamos tanto do fogo para não ficarmos nas trevas. Mas esta é uma das características do fogo: ele ilumina. E se o amor é fogo, deve também nos iluminar. Enquanto não somos encontrados e conquistados pelo amor, estamos caminhando na escuridão. Os nossos passos se perdem, as nossas palavras se confundem, os nossos atos são escusos. Longe do amor é como se estivéssemos vivendo numa caverna escura e sombria, cercados de paredes escorregadias e pisando em chão lamacento. Mas quando o amor nos ilumina, quando ele irradia na nossa vida, os nossos olhos são abertos e os nossos passos são firmados. Todo o nosso interior é iluminado pelo amor. E o que é mais importante: passamos a enxergar as pessoas ao nosso redor. Tendo o fogo do amor brilhando em nós, iremos refletir esse brilho no mundo, transformando tudo a nossa volta.

Como fogo que é, o amor consome. Quando uma faísca de fogo é acesa em uma pequena parte de uma mata seca, a tendência é, com a ajuda do vento, essa faísca se transformar em fogo e esse fogo consumir rapidamente tudo onde passar. Se não apagado a tempo, esse fogo pode causar grandes catástrofes. Mas não vamos pensar dessa forma com relação ao amor, porque do amor não pode vier catástrofe alguma, mas somente aquilo que é bom, perfeito e agradável. Mas não é mentira que, como o fogo, o amor consome. Ele consome tempo para se consolidar em nós; consome, às vezes, a nossa paciência; consome nossas reservas, nossas barricadas emocionais, nossas limitações. O mais importante de tudo: quando aceso em nós, o fogo do amor consome o ódio, a indiferença, a amargura, a arrogância, o preconceito, a inveja, a ganância, a discórdia e tantas outras ervas daminhas que habitam dentro de nós. O amor é fogo consumidor!

Por queimar e consumir, o amor também apura. Quando eu era adolescente e morava na casa de um tio meu no interior, eu sempre o observava enquanto ele negociava ouro. Os garimpeiros traziam o ouro para ser vendido, ele pegava aquela poeira de ouro misturada à impurezas, colocava num recipiente, misturava mercúrio e depois, com um maçarico, queimava o mercúrio até evaporar, para que o ouro aparecesse separado da sujeira. É isso que o amor faz conosco. Como o fogo de um maçarico, ele nos pega e vai queimando o nosso ser até que fiquemos puros. Quanto mais quente fogo, mais seremos apurados. Podemos pensar naquelas pessoas que rejeitam o sofrimento, que acham que podem viver numa mar de rosas sem espinhos, passar pela vida sem lutas, sem provações. Sem o fogo apurador do amor, não crescemos, não nos tornamos pessoas melhores. O amor nos apura, nos separa das nossas impurezas e nos torna perfeitos, reluzentes. Sem esse fogo apurador do amor, estaremos sempre misturados às nossas mazelas existenciais. Quanto mais apurados, mais valiosos seremos.

O fogo do amor que apura, que nos separa das nossas impurezas – e das impurezas do mundo – é o mesmo fogo que nos molda. Após ser apurado, o ouro ainda precisa ser moldado até se transformar num objeto de valor, algo bonito que encantará as pessoas. Nesse processo de moldura, o fogo tem um papel crucial. Muitas pessoa se deixam moldar por sentimentos destrutivos, pelo poder, por uma hedonista, pelos vícios, pelo consumismo, pelos modismos da sociedade, pelo seu próprio ego, pela violência. Mas quantos permitem que o amor seja o fogo a moldar a sua vida, o seu caráter? Quantos aceitam entrar na fornalha, enfrentar o martelo do ourives, suportar momentos de pressão, de luta em nome de algo maior? Somente o amor pode moldar o nosso caráter para transformá-lo em um jóia preciosa e reluzente. Somente moldados pelo amor poderemos amar a nós mesmos e ao nosso próximo. Moldados pelo amor, saberemos compreender as pessoas e o ser amados, aceitar suas limitações, perdoar e pedir perdão, dialogar e nos solidarizar com as agruras alheias.

O fogo representa também um sinal. Se estamos perdidos numa ilha, nada melhor que acender uma grande fogueira para chamar a atenção de embarcações ou aviões que por ventura estejam passando por ali. Quando o fogo do amor está em nós ele deixa um sinal, algo que todas as pessoas olharão e verão sem sequer mostrarmos. O sinal do amor produz em nós: alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Estes frutos do sinal do amor são antagônicos àquilo que de mais perverso habita em nós, no nosso ser. Marcados pelo sinal do amor, nos tornamos novas pessoas, com padrões morais elevados, com sentimentos altruístas, solidários, dedicados, piedosos. Se quisermos saber se alguém nos ama de fato, basta buscarmos esses sinais. Se eles estão presentes, se o amor que diz sentir não vem acompanhado de vanglória, de mesquinhez e demagogia, então é amor verdadeiro.

Bem, se o amor é fogo que arde, talvez devamos entender mais desse fogo do amor. E talvez eu deva discordar, com todo respeito, da palavra do poeta, porque quando o fogo do amor começa a arder, é impossível não enxergá-lo. Claro que vemos o fogo do amor, porque ele a tudo transforma. É tão fácil ver o amor agir quanto o ódio. Todavia, infelizmente muitas atitudes que deveriam ser fruto do fogo do amor nas pessoas, na verdade são atos de criaturas que acham que por praticar esses frutos, amam. Não praticamos as obras do amor para amar, mas amamos para praticar as obras do amor. Nas palavras do apóstolo Paulo: “E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará” (1 Coríntios 13:3).

É, pode ser que o fogo do nosso amor não seja natural, mas artificial.